Inspire-se nas crianças brincando na praia e encontre a serenidade na impermanência da vida.
Construindo Castelos de Areia
Manhã de sol. O mar dança com suas ondas ritmadas.
Na praia está um menino. Ajoelhado, ele cava a areia com uma pá de plástico e a joga dentro de um balde vermelho. Em seguida, vira o balde sobre a superfície e o levanta.
Encantado, o pequeno arquiteto vê surgir diante de si um castelo de areia.
Ele continuará a trabalhar por algumas horas.
Cavando os fossos. Modelando as paredes.
As rolhas de garrafa serão as sentinelas. Os palitos de sorvete serão as pontes. E um castelo de areia será construído.
Em outro cenário, vemos a cidade grande.
Ruas movimentadas. Ronco dos motores dos automóveis.
O homem de negócios trabalha em seu escritório. Janelas à prova de som para que o barulho de fora não o incomode.
Toma ciência de pilhas de papel, as organiza. Chama funcionários e distribui tarefas. Faz chamadas telefônicas e videoconferências.
Como num passe de mágica, contratos são assinados e, para sua felicidade, o dia se encerra com saldo positivo de grandes negócios.
Ele trabalhará dessa forma todos os dias.
Formulando planos. Prevendo o futuro.
As rendas anuais serão as sentinelas. Os ganhos de capital serão as pontes.
Um império está sendo construído.
Dois construtores de dois castelos. Ambos têm muita coisa em comum: fazem grandezas com pequeninos grãos e com sua criatividade.
Constroem algo do nada. São diligentes e determinados. Mas, sabemos que, para ambos, a maré subirá e tudo terminará.
É aqui que as semelhanças acabam e descobrimos as grandes diferenças entre um trabalho e outro.
Ao fim do dia, na hora do crepúsculo, quando as ondas se aproximam, o menino sábio pula e bate palmas.
Não há tristeza. Nem medo. Nem arrependimento. Ele sabia que isso aconteceria. Não se surpreende.
E, quando a enorme onda bate em seu castelo e sua obra-prima é arrastada para o mar, ele sorri…
Sorri, recolhe a pá, o balde, segura a mão do pai e vai para casa.
O adulto, contudo, não é tão sábio assim. Quando a onda dos anos desmorona seu castelo, ele se atemoriza…
Cerca seu monumento de areia, a fim de protegê-lo.
Tenta impedir que as ondas alcancem as paredes.
Encharcado de água salgada e tremendo de frio, ele resmunga para a próxima onda.
“É o meu castelo.” – Diz em tom de posse.
O mar não precisa responder. Ambos sabem a quem a areia pertence…
Redação: com base no Capítulo Castelos de Areia, de Max Lucado, do livro Histórias para o Coração.
Reflexão sobre “A Construção de Castelos”
Às vezes, nos encontramos diante de duas formas diferentes de construir castelos. Uma delas é representada por um menino na praia, que com sua pá de plástico e um balde vermelho, cava a areia e ergue um castelo de areia. Ele trabalha com entusiasmo, adicionando detalhes e elementos criativos. Ele sabe que a maré virá e destruirá sua obra, mas não se abala com isso. Ao final do dia, quando a onda leva seu castelo, ele sorri, recolhe seus materiais e vai embora, feliz e satisfeito com a experiência.
A outra forma de construir castelos é representada por um homem de negócios na cidade grande. Ele trabalha em um escritório, envolvido em transações comerciais e burocracias. Ele constrói seu império, formulando planos e prevendo o futuro. Ele cerca seu monumento de areia, tentando protegê-lo das ondas inevitáveis. Ele se preocupa com a possibilidade de sua construção ser destruída, resistindo às forças naturais e se apegando ao que construiu.
A grande diferença entre essas duas abordagens é a maneira como encaramos o fluxo da vida e a transitoriedade das coisas. A criança compreende que as obras são efêmeras, que a maré sempre virá e levará tudo embora. Ela aceita isso com serenidade e alegria, encontrando satisfação na própria criação. Já o adulto, muitas vezes, se apega ao que construiu, tentando controlar o incontrolável e resistindo à mudança.
Podemos aprender muito com a sabedoria da criança. Ela nos ensina a apreciar o processo de criação e a abraçar a impermanência das coisas. Assim como os castelos de areia, a vida possui sua própria dinâmica, regida por leis transcendentes que nem sempre podemos compreender completamente. Nesse sentido, é importante observar, aprender e confiar no fluxo da vida.
Então, que possamos aplaudir o processo da vida, como a criança que bate palmas quando seu castelo é levado pela maré. Que possamos segurar a mão do Pai, confiar no destino e nos preparar para, um dia, voltarmos para casa, sabendo que a verdadeira essência da vida está além das construções efêmeras que criamos ao longo do caminho.
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