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Caminho de Santiago de Compostela: Uma Jornada Emocionante Unindo Gerações

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Leia um relato inspirador de união entre gerações na peregrinação milenar conhecida como Caminho de Santiago de Compostela, que atraí milhares de peregrinos a cada ano.

Conheça o Caminho de Santiago de Compostela através de um relato emocionante de duas peregrinas e veja que os idosos estão cada vez mais presentes nas rotas de peregrinação, enriquecendo a experiência através da mistura de gerações.

Sobre o Caminho de Santiago de Compostela

O Caminho de Santiago de Compostela é uma rota de peregrinação que percorre diversos caminhos na Europa, convergindo para a cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, onde se encontra a Catedral de Santiago. A peregrinação ao local é uma tradição que data de mais de mil anos e é realizada por pessoas de diferentes nacionalidades, idades e crenças religiosas.

A rota mais conhecida é o Caminho Francês, com 800 km de extensão, que começa em Saint-Jean-Pied-de-Port, na França, e atravessa toda a Espanha até Santiago de Compostela. Existem também outros caminhos menos conhecidos, mas igualmente belos, como o Caminho Português, o Caminho do Norte, o Caminho Primitivo, entre outros.

A presença dos idosos nas peregrinações pelo mundo é frequente e crescente, e é uma prova de que não há idade para peregrinar. No Caminho de Santiago de Compostela, a participação de idosos é cada vez mais comum e, muitas vezes, até mesmo incentivada.

Muitos idosos optam por fazer o Caminho de Santiago de Compostela para aproveitar a oportunidade de ter um tempo para si mesmos, desconectar-se da rotina e se conectar com a natureza. Além disso, a experiência pode ser extremamente transformadora e enriquecedora, proporcionando uma sensação de realização e de superação de limites.

Para as pessoas de qualquer idade, o importante é respeitar seus próprios limites físicos e emocionais, fazendo o caminho de forma tranquila e adaptada às suas necessidades.

Algumas recomendações incluem fazer uma avaliação médica antes de começar o caminho, fazer treinamento físico e preparar-se mentalmente para a jornada.

O Caminho de Santiago de Compostela oferece diversas opções de acomodação, desde albergues públicos até hotéis, permitindo que cada peregrino possa escolher o tipo de hospedagem que melhor se adapte às suas necessidades.

A rota também oferece diversos pontos de apoio, como farmácias, hospitais, restaurantes e lojas de artigos de caminhada, garantindo a segurança e conforto dos peregrinos.

Relato de uma união de gerações no Caminho de Santiago

É uma alegria imensa compartilhar uma história pessoal sobre minha jornada pelo Caminho de Santiago de Compostela, onde uma união de gerações impactou profundamente minha vida.

Me chamo Patrícia Silveira e, em 2004, aos 26 anos, decidi realizar minha tão sonhada peregrinação pelo Caminho de Santiago. Naquela época, eu jamais imaginava abordar assuntos relacionados à terceira idade em meu blog, era60mais.com.

E, com certeza, essa história também me motivou a escrever sobre longevidade e qualidade de vida na terceira idade anos depois.

Primeiros passos fisicamente no Caminho

Desembarquei em Madrid, Espanha, com minha mochila nas costas e segui para Pamplona, de onde peguei um táxi compartilhado até Saint Jean Pied du Port. Foi nesta tradicional e linda cidadezinha que comecei minha jornada pela rota francesa do Caminho de Santiago de Compostela.

Era outono, a paisagem era incrível e eu estava ansiosa para o que viria a seguir.

Idosos no Caminho de Santiago

Após alguns dias de caminhada, conheci uma senhora encantadora chamada Marita. Ela tinha 62 anos e estava realizando o sonho de uma vida.

Caminho de Santiago de Compostela
Caminho de Santiago de Compostela – Fotos: Álbum Pessoal

Marita era moradora de Valdoviño, na Galícia espanhola, onde está situada a Catedral de Santiago de Compostela. Para ela, caminhar até a Catedral era como voltar para casa.

Mas, após alguns dias de caminhada, Marita começou a sentir-se mal. Ela estava acompanhada de uma amiga, a Margarida, que tinha um ritmo mais forte, e Marita se esforçava para alcançá-la, sem sucesso.

Foi aí que um grupo de peregrinos que estavam acompanhando tudo de perto resolveu que iria sugerir que Marita voltasse para casa, para o seu próprio bem.

A ideia do grupo me cortou o coração, pois no dia anterior, ela havia me contado o quanto era importante para ela estar ali e como o caminho era uma homenagem especial à sua mãe, que já não estava presente neste plano terrestre.

A decisão

Então, ouvi meu coração e pedi que não falassem com ela, decidindo então acompanhá-la e ser sua companheira de jornada.

Foram 33 dias maravilhosos de caminho, em que percorremos em média 25 quilômetros por dia. Quando era necessário, íamos mais devagar ou encontrávamos formas de seguir um pouco mais.

Nossos dias foram alegres, com muita conexão com a natureza e interações positivas entre nós e com outros peregrinos maravilhosos.

Seguimos inseparáveis dia após dia, vivendo muitas aventuras.

A celebração da vitória

E assim, dia após dia, chegamos a Santiago de Compostela, o destino final da jornada.

A emoção de pisar na Plaza del Obradoiro, em frente à majestosa Catedral de Santiago, não tem descrição. É uma mistura de cansaço, felicidade, realização e gratidão.

Participamos de uma cerimônia linda, com direito a cantos gregorianos ao vivo, o famoso botafumeiro e uma atmosfera inesquecível.

A cerimônia do Botafumeiro, que consiste em um enorme incensário balançando de um lado para outro, encheu nossos olhos de lágrimas e nosso coração de paz.

Ao receber a Compostelana (certificado de conclusão do caminho oferecido pela Catedral de Santiago), a Marita, emocionada, pediu para incluir uma observação especial: “Em memória da minha mãe”. Me senti realizada nessa hora, por mim e por ela. Foi incrível.

Nós duas, juntas, realizamos um sonho e provamos que a idade não é um empecilho para alcançar nossos objetivos.

Foi uma grande alegria conhecer a família da Marita, seu marido e filhos, que foram buscá-la em Santiago de Compostela.

Todos estavam muito preocupados e respiraram aliviados ao vê-la feliz e com sua Compostelana em suas mãos.

A Marita não desistiu e eu não desistiria dela. Juntas, seguimos em frente, ultrapassando desafios e aproveitando cada momento daquela jornada incrível.

Em muitos momentos, parecia que o universo conspirava a nosso favor, nos presenteando com paisagens deslumbrantes, pessoas gentis e experiências inesquecíveis.

À medida que percorremos os quilômetros, nos tornamos mais próximas, compartilhando histórias de vida, aprendendo uma com a outra e, principalmente, nos apoiando. Afinal, no Caminho de Santiago, a solidariedade é uma das palavras de ordem.

Breves reflexões sobre o Caminho

Marita, aos 62 anos, mostrou toda a sua força e determinação, e eu, aos 26 anos, aprendi que, independentemente da idade, é possível aprender muito com as pessoas mais experientes.

O Caminho de Santiago de Compostela é uma rota de peregrinação que pode ser percorrida por qualquer pessoa, independente da idade, do gênero ou da nacionalidade. É uma jornada transformadora que une pessoas, culturas e histórias. E é uma experiência que nunca será esquecida.

Se você tem um sonho, não limite-se pela idade ou qualquer outra coisa, conquiste-o.

Leia também nosso artigo sobre “Autoconhecimento”, um dos motivos que levam muitos peregrinos ao Caminho de Santiago de Compostela:
https://era60mais.com/autoconhecimento/

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Patrícia Silveira

Pesquisadora, produtora de conteúdo digital e ativista da qualidade de vida para longevidade. Graduada em Administração e Pós-graduada em Gestão da Transformação Digital pela Universidade de São Paulo.

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